Os "assimilados"
Chegou a Malanje, tal como nesta foto se mostra quando chegou a Luanda. Era ministro do Ultramar de Oliveira Salazar. Este, sabê-lo-ia mais tarde quando os estudos me permitiram entender o que nem pressentia, tinha-o ido buscar para o Governo do Estado Novo aos sectores oposicionistas.
A sua viagem a Angola traduzia um esforço de autonomia controlada, o fim do "Estatuto dos Indígenas", dos "assimilados", dos "brancos de segunda". Adriano Moreira era o homem que servia.
As colónias transformavam-se apressadamente em "províncias ultramarinas", à solução dos massacres, como os da Baixa de Cassange, sucedia uma política "psico-social". Tarde demais.
Na altura eu nada entendia no que dizia respeito a este repintar das fachadas do sistema. Lembro-me sim quando o jovem governante, num igual aceno, extasiado ante a espontânea manifestação local, não se apercebia, ou tentava não se aperceber, de que nas filas de trás do ministerial cortejo seguiam camiões apinhados de nativos, num deles a berrarem «Benfica! Benfica», como se enganados nos vivas, e em outra um "cipaio" empunhando as senhas do almoço à borla que restabeleceria a energia gasta em tanta grita!