O Castro & Irmão

Uma página dedicada a Malanje traz-me este momento. Era a loja de modas por excelência. Chegou-me à memória em dois registos, o doce e o amargo, ingredientes com que a vida é temperada. Doce, porque miúdo, meu pai me levava até lá, ficando à porta à conversa, local de encontros ocasionais, e eu, por ali vadiante, à espera de ser hora de regressar ao lar, sobretudo quando o ambiente lá por casa estava de "trovoada" emocional e a ida «para um giro» era uma forma de deixar o tempo arrumar a desordem dos sentimentos. Mas houve também, em 1966, o registo amargo, terem chegado dali contas para pagar de compras que por si eram a demonstração do infortúnio e da noção do que, afinal, tudo nos tinha acabado. Foram pagas, com lágrimas, mas honradas. Depois terá dado nisto.
Talvez neste exacto momento a miséria da depredação tenha dado azo à estonteante riqueza. Sobre os escombros das memórias a Natureza faz nascer flores, sobre o que o homem destruíu, interesses.