O tempo em que se liam jornais


Iniciei-me na blogosfera em 2005, com espaço de crítica social a que chamei A Revolta das Palavras. Inaugurei este blog meu homónimo em Agosto de 2011, com anotações indiferenciadas mas, logo em Outubro desse ano, o mesmo assumiu perfil autobiográfico, fazendo jus ao nome.

Na sua faixa lateral direita, que pode ler quem o abrir num computador ou, se em telefone ou tablet aí em versão web, encontra menção actualizada aos outros blogs que fui criando e muitos ainda mantenho, outro não desisto de voltar a neles escrever. 

São bastantes e obedecem à lógica de tentarem ser temáticos. 

Resumi isso neste excerto: Alguns são óbvios pelo título, como os que dedico escritores como Irene Lisboa, Maria Ondina Braga, Clarice Lispector e Afonso Lopes Vieira. De outros infere-se o motivo pelo nome, como A Revolta das Palavras, onde falava o cidadão, preocupado com o destino da Nação que para si é Pátria e está hoje à mercê do Estado, ou o Patologia Social, onde escreve o jurista, não o advogado, pois esse tem o dever de reserva e não se serviria deste lugar como bancada de pretório nem como esconso de lobby.
Há blogs que resultam do meu envolvimento com a Literatura e com as leituras em geral, como aquele que se chama com parte do meu nome, o António Rebelo da Silva, que deu em A Fantástica Livraria - lugar de alfarrábios.
Outros são escrita própria, como A Velha Mansarda, diário ficcional de uma criatura que poderia ser um outro eu, ou As Muralhas do Silêncio, ou ainda o Passeio pelo Parque, que oscilam entre a prosa poética mais extensa ou o pequeno apontamento como se de pequena crónica se tratasse.
Criei um blog por causa do meu envolvimento na escrita sobre a guerra secreta em Portugal (1939-1945), o 24 Land ou sobre o esotérico, como O Culto do Oculto, ou sobre a lei do eterno retorno, razão da vida e do renascer envelhecendo como A Reciclagem do Ser.
A Espantosa Língua é um blog de surpresa ante uma língua, a nossa, que não pára de nos abismar à medida que a conheço. A Geometria do Abismo, título que fui buscar ao Livro do Desassossego dediquei-o à filosofia portuguesa. Acrescentei outro, denominado Dalila, para a minha leitura da obra de Dalila Lello Pereira da Costa.
A nova faceta deste blog começou quando criei, como lugar biográfico dois blogs: um, a que chamei O Ser Fictício, que é afinal o interior do ser real, outro, A Provisória Translação, em que iam surgindo, esparsos, momentos do que vi viver. 

Talvez tudo se tenha esgotado na intenção e eu tenha, nesta recta final da vida, de os reorganizar e, eventualmente, transportá-los, devidamente arrumados, para um livro.

Até há poucos anos a blogoesfera era um espaço de entusiasmo e activismo, multiplicando-se as iniciativas. Depois, até com o surgimento das demais redes sociais, algo foi definhando mas o que sobreviveu manteve um critério de tendencial exigência.

Alguns dos blogs vieram a dar origem a sites, como é o caso daquele que denominei O Mundo das Sombras que se transformou no 24Land ou o Patologia Social, hoje um site com a mesma denominação. Há também o site, a que chamei jab-livros, onde divulgo os livros que escrevi e os que editei.

É evidente que, vivendo da publicidade, a blogosfera, como qualquer outra rede social, não goza de vida eterna e quantas outras foram surgindo e desaparecendo e talvez um dia a Blogger, que lançou este produto em 1999, venha a rever a sua presença no ciberespaço. Em 2003 a sua aquisição pela Google deu algum alento ao optimismo. Nesse ano surgiu o concorrente Wordpress.

Regresso aqui, vindo do FB por onde dividi a minha presença desde Dezembro de 2009. As razões, expliquei-as naquela rede social e permito-me citá-las aqui:«Primeiro, como leitor, ao constatar o progressivo abaixamento de nível e a acrimónia de muito do que se publica nesta rede social, em que a excepção passou a ser a qualidade e a delicadeza, a tornar desagradável e por vezes dolorosa tal constatação.
«Depois, ao verificar a escassa audiência do que tento escrever e não sejam trivialidades, a mostrar-me a irrelevância desta plataforma como forma de comunicar o fruto de um trabalho de criação.
«Para além disso, o algoritmo, a amputar-me ligações que já nem sei se existem e a trazer-me sugestões mais do que duvidosas.
«Enfim, a lógica de mercado a colocar-me como tema, não o pagamento de uma mensalidade ou a sujeição à publicidade, o que não questiono, mas ou o pagamento ou a a cedência dos dados do meu perfil, sabe-se lá o quê, a quem, ou para quê , tudo na lógica de que na net tudo o que parece gratuito se paga por outra forma».

E, em resumo é isto. De ora em diante quem tiver a gentileza de ler o que escrevo, encontra-me nos vários blogs. Seguindo este, na sua lateral direita, como disse, estará a menção actualizada àqueles onde fui deixando registo. É possível também subscrever.

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Talvez isto seja uma regressão ao tempo que se liam jornais, em companhia. Por isso a imagem deste post, um quadro a óleo de Eugenio Zampighi [1859–1944].