A longa espera de ser-se filho
A guerra tinha começado, cruel, vingativa, cevando ódios, ressentimentos, há pouco mais de um ano, ali perto, na Baixa de Cassange.
Ele tinha ficado em Malanje, prometendo juntar-se a nós, a mim e a minha Mãe, que rumáramos a Viseu, terra dos seus, aguardando-o, porque permanecera a dar destino ao resto dos nossos haveres, os tempos difíceis.
Nesse dia 24 de Julho de 1962 enviou-me esta fotografia. Escreveu no verso com a sua esmerada caligrafia: «Ao meu querido filho com muitas saudades».
Com treze anos de esperanças, eu esperava, ansioso de pai, a sua presença.